A compound II, 2017, pigmented ink on 100% cotton paper, 76 x 56 cm
Chart -1, 2017, pigmented ink on racing paper, 70x 100 cm
Melted lines, 2016, pigmented ink on paper, 21 x 29,7 cm
Chart 1, 2017, pigmented ink on tracing paper, 70 x 100 cm
Chart -1, 2017, pigmented ink on racing paper, 50x 70 cm
Melted lines, 2017, pigmented ink on paper, 21 x 29,7 cm
A compound I, 2017, pigmented ink on paper, 21 x 29,7 cm
Qual é a diferença entre o que se vê e o que não se vê? Entre o visível e o invisível? Entre o preenchido e o vazio? Entre o ocupado e o desocupado? Será esta diferença aparente?
O modus operandis é apreendermos o que vemos, tocamos, ouvimos e cheiramos, vulgo a materialidade. Mas esta é, na verdade, apenas um conjunto de imagens parciais da realidade. O real existe para além do percipiente. Neste sentido, existe para além do que o percipiente vê. Mas o acesso introspectivo à realidade é bastante limitado. E o formato das suas formas a que temos acesso é apenas um reflexo das formas que o percepiente representa(e nem sequer tão fidedignamente). Não surpreendentemente, dada a sua opacidade, a realidade é facilmente distorcida por imagens culturalmente partilhadas, um aço social que ornamenta, que enforma a vida com o intuito de representar a realidade sem que a seja: A nossa House of cards.
Como tal, confiar no que vemos faz de nós efetivamente cegos, uns escapistas. Como capturar então as formas além do que vemos?
Esta exposição pretende explorar estes dois modos de acesso ao “real”. Parte do lugar onde é impossível definir onde começa um e o outro acaba, causando uma indefinição generalizada, a partir da qual deixa de ser possível dizer se é o visto que informa sobre o não visto ou se é o não visto que dá significado ao visto.
Podem o visível/invisível, o visto/não visto, ser combinados para trazer alguma explicitude à realidade?
A linha
A linha não é, obviamente, nem o contentor, nem o conteúdo do real.
Uma linha pode materializar-se num segmento de reta, quase num ponto; pode conter infinitos pontos e tornar-se uma reta e pode ter um início sem fim, uma semirreta. Uma linha capta a regularidade, a natureza dúbia, o que é múltiplo, o que se sobrepõe e o que transparece. A linha mapeia fisiologias, vidas, territórios, cidades, ou até “pulsos” energéticos (Fast Radio Burst) que podem mesmo ser indício de vida extraterrestre.
Mas é mais do que esta materialidade. Uma linha, e a sua ausência, é uma abstração, uma síntese, uma aprendizagem latente. E é neste exercício que é impossível, por definição, mapear qualquer vida, qualquer território, qualquer realidade, qualquer cidade.
Tomemos as cidades, e todas as cidades são invisíveis (ou pelo menos têm em si cidades invisíveis). É impossível mapear qualquer cidade e, por consequência, inviável localizá-la porque estão circunscritas a uma geografia indefinida, porque dependentes eternas da memória, entendimento e interpretação e inevitavelmente falhas de veracidade.
O conhecimento do real é essencialmente uma rectificação do saber, uma rectificação histórica de erros. Um movimento que julga o passado condenando-o.
Sofia dos Santos
A compound IV, 2017, pigmented ink on 100% cotton paper, 56 x 76 cm
A compound III, 2017, pigmented ink on 100% cotton paper, 56 x 76 cm
Chart 1, 2017, pigmented ink on tracing paper, 50 x 70 cm
Chart -1, 2017, pigmented ink on racing paper, 560x 70 cm
Chart 1, 2017, pigmented ink on tracing paper, 50 x 70 cm